sábado, 19 de março de 2011

Educar: Responsabilidade da escola ou da família?

No bem viver desse sábado recebemos o psicologo Carlan Pacheco e falamos sobre a rte de educar. Abaixo, alguns textos que escolhemos. Bom fim de semana a todos.  

Educar é um processo longo e seu resultado, seja ele positivo ou negativo, também demora um bom tempo para aparecer. Assim sendo, hoje podemos avaliar mediante os resultados que temos claramente evidenciado no dia a dia, que a educação não está acontecendo de forma correta seja ela dentro de casa no convívio com a família, seja na escola. Como vivemos no tempo do imediatismo, percebemos que a educação, por ser um processo longo, está perdendo as suas características principais e tudo está sendo feito de qualquer jeito. Há o jogo do empurra, empurra onde a família diz que a educação é responsabilidade da escola e a escola diz que os pais não estão cumprindo com o seu papel de educar. Com esta discussão para saber à quem cabe o papel de educar, as crianças estão crescendo sem qualquer orientação, fazendo tudo o que querem e achando que são os donos do mundo.
O egocentrismo nunca esteve tão evidenciado nas atitudes das crianças, jovens e adultos como nos dias atuais e temos que ter a consciência de que para modificar esta realidade vamos levar algum tempo.
Nos dias de hoje uma pessoa que age com educação e aguarda a sua vez para ser atendido é rotulado como “tonto” ou seja, ser educado hoje, é ser boboca, é pedir para ser passado para trás. Jovens e adultos frutos da revolução na educação que passou de autoritária para condescendente de forma radical, não sabem transmitir conceitos de gentileza, de solidariedade, de respeito, de amor. Vivem o dia a dia exercitando o “eu quero”, “eu tenho”, “eu peguei”, “eu...”, “eu...’. E como os pais não têm “tempo” para educar seus filhos e os professores não têm “tempo” para orientar seus alunos, eles vão passando por cima das pessoas como um rolo compressor, sem enxergá-las. E o pior de tudo é que nunca estão satisfeitos. Temos urgentemente que reestruturar os conceitos de formação de cidadãos a qual fique bem definido qual é o papel da família e qual é o papel da escola, embora saibamos que os dois têm que educar, porém cada um na sua área.
Quando se fala que família e escola têm que caminhar juntas não se quer dizer que uma vai desempenhar o papel da outra e sim que uma vai auxiliar e completar a outra. A escola ao ocupar o lugar da família tentará transmitir valores e conceitos de uma maneira coletiva. Ocorre que o aluno ao agir em casa em conformidade com o que foi ensinado na escola poderá entrar em conflito com os conceitos e hábitos da sua família. Esta realidade acabará por confundir ainda mais a criança que dependendo do lugar que esteja escuta ordens diferenciadas para uma mesma situação. A família não cumpre com a sua responsabilidade de educar e na maioria das vezes não acata as regras quando estas vão de encontro com a sua maneira de agir criando um choque na criança por não encontrar no seu lar o mesmo respaldo. A criança em formação não sabe distinguir qual é a maneira certa e sim qual é a maneira mais fácil. Se em casa tudo é permitido ele avança; se na escola existem regras e estas são praticadas ele as cumpre. Como ele não saberá quais valores são os corretos, estaremos criando oportunistas e não cidadãos. O certo e o errado não existe para ele e sim o aproveitar a oportunidade. Se na minha casa eu posso fazer o que na escola é proibido, eu vou aproveitar a minha casa e agir como eu quero. Será que é este tipo de pessoa que queremos formar? Já ouvi muito professor dizer que: não adianta insistir, pois a criança passa alguns anos na escola e o resto da vida com a família, então vou deixá-lo agir como ele quer. E a polêmica continua sem se saber a quem pertence a responsabilidade do ato de educar. A família abdicou desta função, mas não se preocupa se a escola irá suprir esta lacuna. Ao procurar uma escola para matricular seu filho não faz perguntas sobre qual o método utilizado, como agem diante de determinadas situações, quais valores são trabalhados e outros itens pertinentes visando o desenvolvimento total da criança. A real preocupação da família é se há aulas de computação, quantos alunos por computador, se há aulas extras como capoeira, balet, natação. Quanto mais cara for a mensalidade da escola mais exigirá em atividades extras e em diferenciais altamente dispensáveis não dando importância ao que realmente é importante: a formação do cidadão. E as escolas por saberem da importância do “aparentar” investem no que os pais dão maior importância, deixando o principal objetivo, que é o de educar e formar cidadãos em segundo plano. Tanto a escola quanto a família precisa hoje, mais do que nunca, exercitar valores nas suas ações diárias. Somente assim ensinaremos moral, ética e cidadania para nossas crianças. Eles têm que vivenciar, principalmente através dos exemplos das atitudes praticadas pelos que os cercam. Para viver em sociedade é preciso cumprir regras. Elas existem justamente para serem cumpridas e não para serem violadas. A época do jeitinho brasileiro tem que acabar definitivamente. Somente criando indivíduos com fortes conceitos de honra, moral e ética é que poderemos vislumbrar uma mudança radical no nosso país. Este processo é demorado, mas temos que dar o primeiro passo o quanto antes.



Um texto sobre educação e terapia de Maria Eliza Campos Salles

Gente...educar uma criança a base do medo faz bem?

Vejo muitos educarem seus filhos a base do castigo, da chantagem, de botar medo neles , será que tudo isso funciona de maneira que ele seja um adulto feliz e consciente?

Não, claro que não.

Crescerão revoltados, poderão tornar-se adultos agressivos ou então manterão uma baixa auto-estima que em nada os ajudará a ser adultos felizes.

São os adultos que são responsáveis pelas novas gerações que temos porque foram eles que as educaram para serem assim.

A responsabilidade é de todos.

Ghandi dizia que “a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto o melhor de uma pessoa”. Nisto é preciso a arte de educar, a mais difícil e mais bela de todas.

Certa vez Michelangelo viu um bloco de pedra e disse: “aí dentro há um anjo, vou colocá-lo para fora!” Depois de algum tempo, com o seu génio de escultor, fez o belo trabalho. Então lhe perguntaram como tinha conseguido aquela proeza. Ele respondeu: “o anjo já estava aí, apenas tirei os excessos que estavam a sobrando”. Educar é isto, é ir com paciência e perícia tirando os maus hábitos e descobrindo as virtudes, até que o “anjo” apareça.

Michel Quoist dizia “que não é para si que os homens educam os seus filhos, mas para os outros e para Deus”.

“é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”. Também ensinava que a educação não pode ser feita pelo medo, já que “a educação pelo medo deforma a alma”.


De fato, educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual, moral e religiosa. Por isso, educação não se aprende só na escola, mas principalmente em casa. Às vezes se ouve dizer: “ele é analfabeto, mas é muito educado”. Não adianta ser doutor e não saber tratar os outros; não cumprir com a palavra dada; não se comportar bem; trair a esposa e os filhos; não ser gentil; não ser afável, etc. Sem dúvida, a educação é a melhor herança que os pais devem deixar aos filhos; esta ninguém pode lhes roubar nem destruir.


A educação não é só para as crianças e jovens; é para todos; é uma tarefa que nunca termina na vida. Aliás, alguém disse que a vida é uma escola que nunca tem férias. Cada encontro novo, cada conversa boa, cada aula, cada fato novo, cada livro, acrescenta algo em nossa educação. Na vida, aprendemos com a experiência, nossa e dos outros. É muito mais sábio quem aprende com a experiência dos outros, sem ter que sofrer com os próprios erros.

Ramalho Ortigão afirmou que “o homem sem educação, por mais alto que o coloquem, permanece um subalterno”.

Educar é conquistar o coração, animá-lo com alegria e satisfação em busca do bem”.

E como os pais devem conquistar os seus filhos?

Não deve ser com dinheiro, chantagens e outras artimanhas. Muitos pais erram grosseiramente nisto. Pensam que dando aos filhos tudo o que eles querem roupas da moda, tenis de marca, programas mil, poderão conquistá-los. Não será assim; se o fosse, os pobres não teriam como educar os seus filhos.

O pai há de conquistar o filho “por aquilo que ele é”, e não por aquilo que tem e que lhe dá; isto é, o pai conquistará o filho pelo respeito que lhe dedica, pelo tempo que gasta ao seu lado, pelo consolo que lhe oferece nas horas de dificuldade, pelos passeios que faz com eles, pela ajuda dedicada naquele problema da escola, por sua honestidade pessoal e profissional, pelo bom nome que cultivou, pela dedicação à família, pelo amor e fidelidade à esposa e aos filhos, etc... O mesmo vale para a mãe.

Como é bela aquela frase do Pequeno Príncipe que diz assim:

“Foi o tempo que gastaste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante”.

Caro pai, cara mãe, é todo o tempo, dinheiro, dedicação, carinho, atenção... que você gastar com o seu filho, que vai fazê-lo tão importante para você, e que também vai fazê-lo importante para ele.

Como poderá um filho ouvir os conselhos de um pai que não conquistou o seu respeito e admiração?


Como poderá um filho acatar os ensinamentos de um pai que não o respeita, que trai a sua mãe, ou que não tem responsabilidade profissional?

Um dia vi um adesivo pregado em um automóvel, e que dizia: “Adote o teu filho antes que o traficante o faça!”

Eu preferiria escrever: “Conquiste o teu filho antes que o traficante o faça!”

Se hoje, nós pais, não conquistarmos os nossos filhos, se não nos tornarmos “amigos” deles, os perderemos. Só há um jeito hoje de acabar com o uso das drogas: amando e conquistando os filhos na família. Todo o combate ao narcotráfico será em vão enquanto houver jovens carentes do amor dos seus pais. Infelizmente a droga se alastra, mais por culpa da decadência moral e familiar do que pela força do narcotráfico. Se não houver filhos carentes, o traficante ficará só.

Eis aqui o cerne da questão da educação dos filhos hoje. Ou nós os cativamos pela amizade, pelo diálogo e pelo respeito, ou poderemos perdê-los para o mundo.

De muitas maneiras os pais perdem os seus filhos.

Um grave erro dos pais é não ter tempo para eles. Trabalham, trabalham e trabalham... e o tempo escasso que sobra não podem estar com os filhos porque precisam descansar, e fazer outras coisas. Ora, educar os filhos é uma tarefa que exige “estar com os filhos”. É acompanhando-os no dia-a-dia que temos a oportunidade de corrigi-los. Além do mais, os pais precisam participar da vida dos filhos, para que eles se sintam valorizados e amados. A principal carência dos nossos jovens hoje é a falta de amor dos pais, que se manifesta na ausência e na omissão destes.

Os filhos crescem rápido; não mais do que 18 anos e eles já estão se separando de nós para viver a própria vida. O que não foi feito na hora certa, não poderá ser feito depois.

Outro erro grosseiro de alguns pais é corrigir os filhos de maneira grosseira e na hora inoportuna.

Há pais que subestimam os filhos, os tratam com desdém, desprezo. Há pais que ao corrigir os filhos, o fazem com grosseria, palavras ofensivas, marcantes e aos berros, impondo o medo, encouraçando a alma da criança. O pior de tudo é quando chamam a atenção dos filhos na presença de outras pessoas, irmãos ou amigos. Isto humilha o filho e o faz odiar o pai ou a mãe.

Ao corrigir o filho, deve-se chamá-lo a sós, fechar a porta do quarto e conversar com firmeza, mas com polidez, sem gritos, ofensas e ameaças, e de forma alguma deve-se bater no filho, pois este não é o caminho do amor, mas muitas vezes os pais batem nos filhos apenas com as palavras ditas aos gritos, sufocando o seu choro impondo o respeito pelo medo e não pelo amor.

Sobretudo é importante dizer, que os pais não podem descarregar sobre os seus filhos os próprios nervosismos e preocupações. Muitas vezes isto acontece e é um desastre na educação. Uma regra há de ser sempre seguida: Nunca corrigir o filho quando se estiver nervoso pois certamente se fará algo errado. Um coração agitado e uma mente aflita não têm a mínima condição para corrigir com equilíbrio. Educamos pelo exemplo e desta forma estamos mostrando o nosso desequilíbrio e descarregamos nos filhos a nossa ira e o nosso desejo de poder em outras palavras isso é adestrar e não educar.

Podemos dizer com certeza que todas as vezes que falamos e agimos com a alma perturbada, acabamos fazendo algo errado, do qual nos arrependemos depois, muitas vezes ficamos envergonhados de nós mesmo. Até mesmo os animais são melhor adestrados com mansidão, quanto mais os nossos filhos!

A criança aprende mais por imitação do que por convicção. Se ela vê o pai e a mãe gritarem, ela também grita; se ela vê os pais baterem, ela bate também nos irmãos menores; se ela vê os pais rezarem, ela reza; se ela ouve os pais dizerem palavrões, ela diz também.

Insisto neste ponto: o filho só aceitará a instrução do seu pai ou de sua mãe, se os respeitar e admirar pelo seu próprio valor. Para isto é fundamental que os pais tratem os filhos, desde pequenos, com atenção, seriedade e respeito.

“Educa-se mais por aquilo que se é do que por aquilo que se ensina”.

Quase que inconscientemente os pais transmitem para os filhos o seu comportamento e o seu equilíbrio. Toda a segurança e apoio dos filhos está nos pais. Quando estes estão nervosos e descontrolados, os filhos sentem-se, imediatamente inseguros e desnorteados, sem ter em quem se apoiar. Esses desequilíbrios geram traumas marcantes na vida da criança e do jovem, às vezes, por toda a vida.

Essa carência afetiva gerada pela falta de respeito a criança traz conseqüências imediatas como doenças gripes resfriados processos alérgicos, e no futuro a educação que gera o medo tira a confiança e o dialogo com os pais, os filhos se afastam e vão se respaldar em amigos , gangs, não poderão se abrir com os pais com medo da punição, ficarão travados, angustiados e daí é um pulo para a droga.

Transferimos para os nossos filhos todas as nossas angústias, emoções e problemas que vivemos; portanto, é preciso poupá-los disso tudo.

Alguns pais confundem autoridade com autoritarismo, gerando revolta nos filhos. Outros pais são frios e distantes, e não se dão conta das angústias dos filhos.

(Maria Eliza Campos Salles

Um comentário:

Gaby V. disse...

Educação vem de casa, a escola só faz complementar.
Os pais podem até dar educação a seus filhos,mais muitas vezes o comportamento da criança não são culpa dos pais,a criança ,o ser humano em si é feito para o mundo,na medida que isso ocorre,vão-se descobrindo outros coleguinhas,outras pessoas, e muitas vezes não só as crianças mais a pessoa acaba copiando o outro, e isso acaba ele se modificando, e modificando a criação que os pais lhe deram.