terça-feira, 5 de agosto de 2008

SAÚDE

FAZER O BEM FAZ BEM

Psicólogos, neurologistas e epidemiologistas estão afirmando que agora está cientificamente provado: ajudar o próximo traz benefícios para a saúde de quem ajuda. Fazer o bem é bom para o coração, o sistema nervoso, o sistema imunológico, aumenta a expectativa de vida e a vitalidade de um modo geral.

Hoje, uma nova moral voltada para o coletivo se manifesta de modo cada vez mais claro. Desde os movimentos ecológicos até as iniciativas menos conhecidas, como o do pediatra Edson Mantovani, que atende gratuitamente nas favelas de São Paulo, ou da esteticista Janine Goossens, que uma vez por semana leva sua equipe para cuidar dos pacientes do Hospital do Câncer, cada vez mais pessoas estão abrindo mão de seu tempo em benefício da comunidade.

Os benefícios psicológicos derivados da ajuda aos outros foram bem documentados. Em um projeto realizado nos Estados Unidos ao longo de dez anos, 2700 pessoas foram estudadas, a fim de verificar como o relacionamento social afetava sua saúde. Os pesquisadores descobriram que o fato de realizar regularmente trabalho voluntário, aumentava muito a expectativa de vida, principalmente dos homens, que tinham taxas de falecimento duas vezes e meia mais baixas, do que os que não o faziam.

Surpreendentemente , a taxa de mortalidade entre as mulheres reduzia pouco, talvez porque a maioria das mulheres já gasta muito tempo cuidando dos outros, mesmo sem ser em trabalho voluntário. Outros dados dessa pesquisa mostram que as pessoas que têm muitos contatos sociais tendem a viver mais do que aquelas que preferem o isolamento. Tudo indica que mesmo ocupações inócuas como ler ou relaxar podem tornar-se prejudiciais se usadas para aumentar o isolamento.

O dar e receber dos programas de ajuda afetam também, diretamente, o nosso sistema imunológico. De fato, como foi verificado em uma pesquisa feita na Universidade de Harvard, parece que até mesmo ver os outros ajudando terceiros, melhora o funcionamento imunológico. Após a exibição de um filme mostrando madre Teresa de Calcutá cuidando de doentes e moribundos, análises químicas feitas em estudantes evidenciaram um aumento de imunoglobulina A, um anticorpo que ajuda a defender o organismo contra infecções respiratórias.

Este aumento da imunoglobulina A foi evidente até mesmo entre pessoas que disseram não gostar de Madre Teresa. Segundo os teóricos, ao fazer o bem, despertamos gratidão e afeto, sentimentos que nos provocam uma sensação de bem estar. Essa sensação poderia ser causada pelas endorfinas produzidas naturalmente pelo cérebro. Seguindo essa linha de pensamento, podemos concluir que uma importante função do cérebro é proteger o corpo de doenças.

É possível que o cérebro tenha evoluído dessa maneira para garantir a sobrevivência da espécie.
Os seres humanos dependem uns dos outros. As comunidades de caçadores pré-históricos são o primeiro exemplo de saudável vida cooperativa.

Os indivíduos precisam estar solidamente ligados a um grupo maior para se sentirem protegidos.
Somos feitos para depender do grupo, e quanto mais contribuímos para a sobrevivência do grupo, tanto mais somos sadios e mais valiosos para o grupo.

Ao contrário, a hostilidade, que é o oposto do altruísmo, coloca nossa saúde em risco. Pesquisas demonstraram que quanto mais hostil a pessoa, tanto mais fechadas as suas artérias coronárias e maior o risco de doenças cardíacas. A consciência de que o altruísmo é bom para a saúde pode ter um profundo efeito social.

Quase todos nós precisamos sentir que somos importantes para alguém. De acordo com as pesquisas, o ideal é termos alguma atividade realmente voluntária. Para que o altruísmo faça bem à saúde, é preciso estar no controle da situação e ter outras escolhas possíveis.

Este aspecto bastante egoísta do altruísmo parece barateá-lo. Mas não podemos esquecer que conseguimos sobreviver e evoluir graças a um complexo jogo de fatores, e se é verdade que ajudar os outros faz bem para nós, é verdade ainda mais evidente, que faz mais bem, quando ajudamos com amor.