sexta-feira, 4 de julho de 2008

SEXO E SAÚDE

PLANEJAMENTO FAMILIAR

Planejar a família é nada mas do que ter os filhos desejados, à ocasião oportuna. Tema controverso para muitos, tem bases médicas de solidez inquestionáveis.
O planejamento familiar é atitude individual ou assumida a dois, que visa regular o potencial biológico inato, que é a capacidade reprodutiva.

Sexualidade e fertilidade andam a par; a ativação de uma envolve, necessariamente, a outra.
Serve ainda em dias como hoje o planejamento familiar para discussões polêmicas quando vinculadas à regulação da fertilidade humana; à sua transcendência demográfica, aos métodos para sua consecução, à religião, à moral e à ética.

É muito nítido hoje o papel do planejamento familiar como atitude promotora de saúde. A idade adequada para gestar, o número de filhos, o intervalo entre os partos, a tenção ensejada à mulher durante ao gestação, o preparo para o parto e, mais ainda, o aleitamento natural e a qualidade do produto conceptual são apenas alguns dos enfoques de relevância que na atualidade constituem o âmago das preocupações dos autênticos paladinos do planejamento familiar.

O combate ao abortamento provocado, elidindo-o ao impedir a gestação não planejada, é capítulo que mantém atualidade. A contra-indicação da gestação em mulheres portadoras de doenças que sabidamente aumentam o risco materno-infantil é também capítulo atual, que aglutina ginecologistas e pediatras, na sua identificação, acompanhamento e manejo.

O planejamento familiar é atitude médica, que integra o conjunto de ações que se traduzem como a atenção prestada pelo profissional de saúde à sua clientela. Tem relevância igual à de outras atitude que já são implícitas ao desempenho da atividade cotidiana. Por ser de incorporação mais recente ainda causa, para alguns, certa estranheza, que haverá de se diluir com o passar do tempo.

As peculariedades de certas entidades entidades nosológicas, a sua raridade ou a sua ampla difusão, o caráter curativo e preventivo que têm, o seu regionalismo ou universalismo, sua conotação individual ou comunitária, entre outras características, motivam, em proporções variadas, maior ênfase a determinada prática da Medicina.

O planejamento familiar, por ser de interesse da saúde de grande número de mulheres e crianças, por constituir-se em prática nitidamente preventiva, de âmbito universal e de cunho comunitário, reveste-se de prerrogativas que lhe devem assegurar caráter prioritário entre as ações promotoras da saúde.

Crianças menores de 15 anos e mulheres em idade procriativa constituem duas terças partes do chamado Terceiro Mundo. No Brasil, um dos seus integrantes, consubstancia-se o mesmo quadro: cerca de 40% dos seus habitantes são menores de 15 anos e 25% são mulheres em idade fértil (15 a 49 anos).

Do ponto de vista da saúde comunitária, dois grupos de risco reprodutivo estão aí claramente delineados. A par de alta natalidade, ainda superior a 30%, elevada mortalidade materna e infantil está a clamar por medidas adequadas de planejamento familiar, para um crescimento populacional racional, harmonioso e seguro. Estes indicadores vitais, de aparente simplicidade, têm alicerces múltiplos e complexos.

Cabe lembrar as condições de vida da maioria das mulheres e das crianças, em nosso país, que, sabidamente, não são as ideais no que tange à alimentação, moradia, educação e sanitarismo. Os serviços médicos sofrem grande demanda e não se estendem adequadamente à periferia das cidades e às áreas rurais. A atenção médica é de caráter predominantemente curativo, o atendimento pré-natal não atinge a totalidade da população gestante ou é inadequado em muitos casos, assim como o exame periódico das crianças sadias ou a sua imunização contra as doenças mais comuns.

IDADE AO GESTAR - mulheres que engravidam ainda jovens apresentam maior risco de complicações durante a gravidez e o parto, bem mais que as que já atingiram os 20 anos. O mesmo ocorre com mulheres que engravidam próximo ao fim do período reprodutivo, acima de 34 anos.

NÚMERO DE FILHOS - influi na possibilidade de uma gravidez bem sucedida, as gravidezes sucessivas não permitem ao organismo materno tempo suficiente para refazer seus depósitos nutrientes vitais, traduzindo numa elevada taxa de mortalidade materna e fetal.

INTERVALO INTERPARTAL - o desgaste materno agrava-se com intervalos curtos entre uma gestação e outra. O espaçamento ideal seria de três anos.

ORDEM DOS NASCIMENTOS - a mortalidade materna aumenta com a paridade, principalmente após o terceiro parto, a hemorragia e a toxemia e a embolia pulmonar são comuns após o quarto parto.
As taxas de mortalidade infantil aumentam rapidamente após o terceiro ou quarto nascimento, devido à crianças de baixo peso e desnutrição neonatal.

UMA SOLUÇÃO

Vários fatores convergentes, somados, parecem capazes de potencializar-se e levar à solução esperada do domínio da fertilidade humana em dias de hoje. Com base nos conhecimentos disponíveis sobre os aspectos intrínsecos do processo reprodutivo, na tecnologia anticoncepcional existente, e no crescente contingente de trabalhadores da saúde voltados para o planejamento familiar, a prestação de serviços a uma clientela crescente vem, aos poucos, permitindo o estabelecimento da prática anticonceptiva entre outras tantas, na área da saúde materno-infantil.

A educação sexual, entendida como preparar o indivíduo para, conhecendo sua própria anátomo-físiologia, discernir o momento de amor a ser vivido, entender a transcendência deste fato e assumir suas eventuais conseqüências, isto é peça fundamental para motivar o esforço que nasçam apenas filhos desejados e no momento oportuno.