Transmitida pelos genes, a fibrose cística pode levar à morte na falta de tratamento adequado
A fibrose cística, também conhecida como mucoviscidose, é um mal que atinge um milhão e meio de pessoas no Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Muitas delas, porém, sequer imaginam possuir a doença, que pode levar à morte na falta de tratamento adequado. “A fibrose cística foi descrita há 55 anos, o que modificou em muito o seu prognóstico. Fatal antes dos dois anos de idade, esse quadro foi modificado drasticamente após o conhecimento da doença, o que permitiu uma sobrevida de 30 a 40 anos, quando bem controlada”, explica Rita Moraes de Brito, pneumologista pediátrica do Hope-Esperança.
Transmitida por meio dos genes (mesmo quando pai e mãe não manifestam a doença), a fibrose cística é responsável pela alteração no transporte de íons através das membranas das células. Tal fator compromete o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas) mais espessas e de difícil eliminação. Dessa forma, aqueles que a possuem sofrem redução na quantidade de água nas secreções dos brônquios, que se tornam mais espessas e aderentes às paredes brônquicas. Isso gera recorrentes infecções no aparelho respiratório. A doença também pode bloquear os dutos do pâncreas, impedindo a chegada das enzimas digestivas aos intestinos.
A fibrose cística geralmente é diagnosticada na infância, mas há casos em que ela somente é descoberta na fase adulta. Para se ter uma idéia, entre os pacientes do SUS, é preciso cerca de seis consultas até sua descoberta. Até que isso ocorra, a pessoa pode ter problemas respiratórios recorrentes, como sinusite ou pneumonia; mau funcionamento do pâncreas; perda de gordura nas fezes; diarréia crônica; e perda acentuada de peso.
Além disso, a pessoa também apresenta suor mais salgado que o normal, fazendo com que ela pareça ‘salgada’ ao ser beijada por alguém. Ela ainda pode apresentar atraso no crescimento, diminuição progressiva de resistência física, e pele azulada, entre outros sintomas. As mulheres atingidas pela fibrose cística podem ter dificuldade para engravidar. Já 98% dos homens com o problema são estéreis. O mal atinge um em cada dois mil recém-nascidos.
O tratamento da fibrose cística envolve a ingestão de enzimas para facilitar a digestão e a adoção de dieta rica em calorias, vitaminas e sais minerais. A pessoa também deve fazer fisioterapia respiratória e tratamento com antibióticos para prevenir complicações pulmonares. “Essa é uma doença que necessita de equipe multidisciplinar composta de fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, assistente social, pneumologista e, dependendo do órgão acometido, outras especialidades médicas (hepatologista, gastroenterologista, etc)”, afirma Rita.
“O diagnóstico deve ser dado o quanto antes, preferencialmente, antes das manifestações clínicas da doença. O prognóstico será tão melhor quanto mais precoce o diagnóstico”, explica a profissional. O tratamento não proporciona a cura, mas garante uma vida mais longa e de boa qualidade para quem sofre do mal.
Por: Anderson Lima
Brava Comunicação