sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Comportamento

A quantas anda a autoridade dos pais?


Quem de nós, nunca ouviu algo assim? "Não convivemos mais com nossos filhos como fizeram nossos pais, não há como ser pai e mãe hoje em dia. Não sou pai, temos uma relação de igual para igual. Somos amigos".

Frases como essas, fazem profissionais se perguntarem o que levaria os pais a se colocarem neste lugar? Talvez a resposta seja o apagamento entre as diferenças de gerações sofridas ao longo do tempo."Os laços sociais estabelecidos, as relações entre pais e filhos sofrem o impacto dessas mudanças. E hoje não se fazem mais pai e mãe comoantigamente", comenta a psicóloga do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem, Luciana Maia.

Em recente pesquisa, foi constatado que a família mudou. A velha matriz, pai todo poderoso e a mãe rainha do lar, já não condiz mais com o modelo das famílias contemporâneas. No entanto, a mesma pesquisa mostra também que a família é apontada pelos entrevistados como a mais importante e valorizada instituição social do nosso tempo.

Mas há algo de mais intrigante nessa história toda. Por que será quequando os pais formulam suas posições o fazem sempre na negativa? Por que não dizem, por exemplo, somos pais que, diferentemente dos nossos,escutamos os filhos, levamos em conta suas opiniões ou qualquer coisa que o valha? Por que a formulação é sempre: eu não sou pai, eu não sou mãe?
Para Luciana o que acontece é que o imperativo: "sejam diferentes dos seus próprios pais" os levaram a um paradoxo, a um apego aos antigos modelos tradicionais, tomados então como verdadeiras e únicas referenciais de pai e mãe.

Nesse caso, os profissionais estariam à frente de pais que se destituem da função de saber cuidar dos filhos; que não reconhecem as soluções que vêm encontrando para fazer face frente às grandes mudanças por que têm passado como soluções razoáveis que permitem se auto-redescrever como pais e mães.

E, dessa forma, não podendo mais serem os pais de antigamente, e não sabendo ao certo o que são, se lançam nesse projeto impossível de serem amigos de seus filhos, ao mesmo tempo que, culpados, os entregam aos cuidados dos que, supostamente, saberiam sobre eles: os especialistas.